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Caos em Manaus: a corrupção mata!


Por Ramiro Rosário, vereador e autor do Pacote Anticorrupção de Porto Alegre


Em junho do ano passado, foi deflagrada a Operação Sangria, que investiga fraudes no Governo do Amazonas no ato de dispensa de licitação para a compra de respiradores de uma importadora de vinhos. À época, a secretária da Saúde foi presa e o governador teve seus bens bloqueados. Outras duas fases foram deflagradas, em outubro e novembro, com novas prisões e a descoberta de mais fraudes na aquisição de equipamentos inerentes ao combate à pandemia. A tragédia de Manaus-AM já era anunciada. A corrupção mata.


Hoje, olhamos para a capital do Amazonas com a impressão de estarmos diante de um inferno na Terra. Nos hospitais superlotados, médicos e familiares acompanham aflitos a morte em agonia de pacientes com COVID-19, vítimas da falta de oxigênio decorrente do desvio de dinheiro público e da falta de planejamento. Manaus pode ser o exemplo mais caótico no momento, mas por todo o país temos provas dos danos permanentes que a corrupção e a negligência representam para a população. Em cada corredor lotado, cada paciente que morreu à espera de um leito, fica a sombra do dinheiro desviado ou mal aplicado por gestores ineptos.


A própria falta de seringas e agulhas no SUS, ou a hipótese do avião que foi à Índia buscar as vacinas voltar vazio por falta de comunicação com o Governo indiano, revela a urgência do Brasil em lutar contra os vírus que o atacam, seja o biológico ou o sistêmico. Foco no planejamento, incluindo tempo estimado e orçamento, uso de novas tecnologias, que aperfeiçoem o monitoramento e a transparência na execução de obras e serviços, são essenciais para prevenir fraudes e tornar os investimentos mais precisos, evitando tanto o desvio quanto o desperdício de dinheiro público.


Como disse o ex-juiz Sérgio Moro, o problema da corrupção é global, mas a solução começa pelas cidades. O Brasil inteiro precisa reavaliar métodos de gestão e fiscalização de contratações públicas. Não podemos depender da boa vontade de alguns governantes, ou o que aconteceu em Manaus será repetido em outras cidades e em outros estados. Muitos morrerão pela doença, mas a tristeza maior é saber que outros tantos morrem porque meia dúzia de pilantras decidiu enriquecer com desvios de recursos da saúde.

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