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A lição de Israel para salvar vidas e empregos com a vacinação em massa


Por Ramiro Rosário, vereador em Porto Alegre


Israel está prestes a se tornar o primeiro País a imunizar toda sua população contra o coronavírus. A notícia é excelente, e acrescenta o fato de que estão caindo muito rapidamente por lá as internações e mortes por COVID-19. Essa marca de imunização tem como efeito imediato o relaxamento das medidas de restrição e a retomada da atividade econômica, emprego e renda da população.


Há um contraste com o Brasil, em especial depois de batermos mais um triste recorde de mortes - quase 2 mil vítimas em 24 horas – e amargarmos uma queda de 4,1% no PIB. A diferença entre os dois cenários chama atenção no modo como o país israelense e o brasileiro lidaram com a vacinação. Enquanto um agiu com estratégia, sendo um dos primeiros do mundo a investir em vacinas, o outro até hoje discute, lamentavelmente, se a vacinação é um caminho a ser seguido.


Há diferenças de escala entre Israel e Brasil que podem contribuir para esse contraste ser ainda maior, de modo que ficamos ainda mais para trás. O Brasil tem 210 milhões de habitantes; Israel, 8 milhões. O Brasil tem mais de 8,5 milhões de km²; Israel, 22.145 km². O Brasil tem uma diversidade muito maior de clima, fuso horário e geográfica. Israel é menor e menos povoado.


Tudo isso torna mais difícil a logística de vacinação aqui do que em comparação com Israel? Não, pois o Brasil tem larga experiência em vacinação. Já conseguimos vacinar, contra a gripe, 90% do público alvo em poucos meses durante a própria pandemia. Recentemente, o fundador da ANVISA sugeriu que o Brasil tem capacidade de vacinar 60 milhões de pessoas por mês, ou seja, em 3 meses e meio teríamos vacinado toda população. Tínhamos condições de igualar ou ultrapassar Israel na vacinação, pois temos condições de vacinar 7,5 vezes a população daquele país por mês, mas nos faltam vacinas.


Neste ponto podemos aprender muito com Israel. Em junho de 2020, o país do oriente médio fechou contrato para compra de vacinas antes de todo o mundo, inclusive pagando adiantado e com um valor maior. Assim, não foi somente possível financiar a pesquisa e o desenvolvimento das vacinas, como compra-las antes para se imunizar primeiro. Israel formulou a estratégia de que somente a vacinação poderia impedir o avanço da doença, financiou a pesquisa e desenvolvimento destas vacinas e comprou toda a produção possível. Ciência, tecnologia e inovação foram o norte do país no combate à pandemia.


Nesta mesma época, em junho de 2020, o governo brasileiro não apoiava a produção da vacina que estava sendo desenvolvida pelo governo de São Paulo. Em julho, não respondeu à consulta do Instituto Butantã para comprar 60 milhões de doses de vacina, capazes de imunizar 30 milhões de pessoas. Em agosto, não respondeu à consulta da Pfizer para compra de 70 milhões de doses, capazes de imunizar 35 milhões de pessoas. Em setembro, novamente, não respondeu à Pfizer, nem investiu nos estudos e no desenvolvimento da vacina da Universidade de Oxford e AstraZeneca, que estavam sendo feitas pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. Tudo ficou para depois, e estamos hoje na fila, esperando que sejam disponibilizados insumos para produção nacional e vacinas produzidas no exterior. Até o momento, foram vacinadas em torno de 7 milhões de pessoas no Brasil, perto dos 3,3% da população.


Infelizmente, não apostar na vacina foi um erro estratégico do governo brasileiro que condenou o sistema de saúde ao colapso que estamos vivendo hoje, com acúmulo de mortes e aumento de restrição econômicas. Sem a vacina não salvamos vidas nem empregos. Muito diferente da nossa nação amiga e parceira, Israel, que tem muito a nos ensinar sobre a importância da ciência, tecnologia e inovação na área de políticas públicas.


FONTES:





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