A FORD se foi, outras irão. Só a reforma tributária salva!
Por Ramiro Rosário, vereador em Porto Alegre
Com a saída definitiva da FORD do Brasil, a esquerda não perdeu tempo em falar da “profecia” do ex-governador Olívio Dutra (PT), que apontou que “essa empresa quer incentivos fiscais que as outras não têm. O dia que achar que o Brasil não serve mais, vai embora e não dá nem tchau!”. Mas não é bem assim.
Olívio mandou a FORD embora do Rio Grande do Sul porque não queria dar subsídios para a sua instalação aqui, mas eu gostaria que ela tivesse passado 20 anos, como foi em Camaçari-BA, gerando empregos e renda ao povo gaúcho. Duas décadas era tempo mais que suficiente para o Brasil e o Rio Grande do Sul resolverem o problema da FORD e de tantas outras que acabam indo embora: é preciso reformar a máquina pública e tornar o ambiente de negócios mais promissor.
Subsídios não são políticas adequadas para atrair investimentos. São ruins, obviamente, porque alguém vai ter que cobrir os mais de 20 bilhões de reais dados a FORD, aumentando o peso dos impostos de um lado da balança. Mas sem uma política adequada de atração de investimentos, somos reféns dos subsídios e não atraímos grandes empresas. É um beco sem saída há mais de 20 anos.
Vale lembrar que a aposta do PT dos “campeões nacionais”, tentando usar dinheiro do BNDES e outros bancos públicos para “criar” multinacionais brasileiras, culminou na Lava Jato, envolvendo as grandes empreiteiras e a JBS. Estranho que não houve nenhuma “profecia” do PT em relação a isso.
Qual seria a política adequada? A nosso ver, uma reforma tributária que rediscutisse a distribuição dos impostos sobre o setor produtivo e acabasse com a necessidade de subsídios, para que investir no Brasil fosse economicamente interessante ao capital estrangeiro.
A necessidade de reforma tributária está no horizonte político nacional desde 2018, mas temos muitas dificuldades de liderança para construir consensos. Falta empenho em usar esse caso específico da FORD para tornar o debate público mais favorável, como poderia ter sido feito 22 anos atrás.
Ao invés disso, fala-se apenas e exclusivamente da imoralidade dos subsídios e de como as empresas são “malvadas”. Politiza-se a saída da FORD de uma forma pouco produtiva, buscando culpar fulanos e beltranos ao invés de questionar o modelo que nos trouxe até aqui. Temos que avançar na pauta da reforma tributária com urgência ou vamos ficar nos lembrando, daqui a 20 anos, de como já sabíamos que não daria certo.
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